Para nutrir o sistema capitalista: cantar suas amarguras, suas desilusões, o estado de miséria em que vivem: seus "amores cruéis e partidos", sua descriminação, sua beleza tosca fora do padrão, sua opção sexual não aceita, sua exploração e sua opressão meio a sociedade do consumo e da produção fetichista, machista e patriarcal. Como tudo que se move,
AS CUMADES DO RAP logo sofre mudanças e passa a tratar ideologicamente da diversidade sexual e das mulheres lumpesinas. O grupo passa a se pautar e priorizar sua participação artística, meio aos movimentos de gênero e diversidade sexual, também a realizar suas próprias atividades e mobilização em escolas públicas e comunidades.
Sem sombra de dúvida é o grupo de rap feminino de maior expressão do Ceará e um dos maiores do Brasil. São três cumades- Nega Ana, Bebel e cumade Kilza-que com todas as dificuldades de ser mãe, ser mulher e ser pobre; não se entregam ao encanto do apelo midiático e nem do mercado fonográfico com “músicas fáceis e apelativas” que decultura e acultura com o tóxico lixo cultural entranhado na sociedade que replicamos sem perceber. Essas guerreiras cumades fazem o caminho ao inverso e optam por ficar e atuar com aqueles e aquelas que pregam e que fazem a resistência e propõe a revolução cultural, comportamental e social rumo uma sociedade livre, diversa e equilibrada com o meio ambiente, gostosa e possível de se viver.